segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Dilemas de repórteres no Haiti

Além do ritmo extenuante de trabalho,os centenas de jornalistas estrangeiros que foram a Porto Príncipe cobrir o terremoto têm sofrido na pele o drama dos haitianos.Os relatos são de que é simplesmente impossível não se sensibilizar com a dor dos sobreviventes,diante do cenário de caos que tomou conta das ruas da capital do Haiti - corpos apodrecem sob os escombros de prédios destruídos.

Uma das histórias mais impressionantes é a de Anderson Cooper,renomado jornalista norte-americano que foi o primeiro da CNN a chegar a Porto Príncipe.Ele salvou um garoto que teve a cabeça arrebentada por um bloco de concreto atirado durante tumulto num pequeno mercado do centro da cidade.

Anderson viu o garoto ser atingido e se estatelar no chão.Em meio à correria dos saqueadores,que lutavam com socos e facas por comida,Anderson se lançou a buscar o menino atingido.Ele o carregou por cerca de 50 metros,até um local menos tenso.O sangue da cabeça do menino encharcou a camiseta do jornalista americano.

"Eu sentia o sangue quente dele escorrendo pelos meus braços.Eu tentei colocá-lo de pé,mas ele estava totalmente desnorteado.Tony,o americano que era o dono do Mercado saqueado,deu a ele uma toalha molhada para limpar a cabeça.E então alguém o levou embora",relatou Anderson,em seu blog.

Outro profissional da CNN que virou notícia foi o repórter Sanjay Gupta,que também trabalha como medico do serviço de neurocirurgia de um hospital de Atlanta,onde fica a sede da emissora.Gupta operou um bebê que teve a cabeça atingida por uma série de fragmentos de escombros.A cirurgia foi gravada pela equipe da CNN e você vê aqui.

Outra história impressionante envolvendo uma equipe de reportagem foi o resgate de uma menina de 18 meses.Ela foi tirado debaixo dos escombros de uma casa por uma equipe de TV do canal australiano Nine Network,três dias após o terremoto.A menina foi encontrada ao lado dos corpos dos pais,mortos no tremor.

"Entre as ruínas apareceu uma menininha,nunca vou esquecer.Parecia assustada,quase como se visse o mundo pela primeira vez",disse o câmera da emissora,Robert Penfolf, ao jornal The Australian. Foi Penfolf quem ouviu os gritos da menina e cavou entre os escombros,com as próprias mãos,até encontrá-la.O resgate foi filmado pela equipe da Seven,emissora concorrente da Nine e você pode ver aqui.

A jornalista Lília Teles,da Rede Globo,andava num caminhão de resgate do exército brasileiro pelas ruas de Porto Príncipe quando notou o desespero de um grupo de pessoas que chamava a atenção para uma voz que vinha debaixo dos escombros.A equipe da Globo flagrou,então,o resgate da enfermeira Jean Baptiste,de 43 anos, grávida de um mês.A ação foi comandada pelo sargento Marco Antônio Leôncio.

Houve ainda o caso de Maria Isabel Moreno,jornalista chilena que foi retirada com vida dos escombros do Hotel Montana,mais de 20 horas após o terremoto."Não se preocupem,não é necessário vir.De tempos em tempos,mando notícias.Não estou ferida (...) Meu motorista está vivo também.Gosto muito de vocês.Fiquem tranquilos",disse a jornalista, em um e-mail enviado à família. A mensagem foi publicada pelo jornal La Tercera,de Santiago.Ela mora no Haiti com o marido,funcionário da OEA (Organização dos Estados Americanos).

Por Juliano Costa,da redação Yahoo! Brasil
Ter,19 Jan





Menina sorri antes de pegar água em Porto Príncipe no Haiti

Nenhum comentário: