sábado, 31 de maio de 2008

depois do sol...


Fez-se noite com tal mistério,

Tão sem rumor,

tão devagar,

Que o crepúsculo é como um luar

Iluminando um cemitério . . .

Tudo imóvel . . .

Serenidades . . .

Que tristeza, nos sonhos meus!

E quanto choro e quanto adeus

Neste mar de infelicidades!

Oh! Paisagens minhas de antanho . . .

Velhas, velhas . . .

Nem vivem mais . . .

- As nuvens passam desiguais,

Com sonolência de rebanho . . .

Seres e coisas vão-se embora . . .

E, na auréola triste do luar,

Anda a lua, tão devagar,

Que parece Nossa Senhora

Pelos silêncios a sonhar . . .


Cecília Meireles

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