"O milagre das profundezas;
ela olháva-nos em torpor,
e o contraste da noite era incrível!
a treva pesada e fria,em perfeita harmonia
com a luz pálida.
E ela murmurava...
ela lamentava;
com os pulsos presos
não cometia pecados,
porém as vozes quase sirênicas
emitiam o chamado:
'acabe consigo mesma'.
Naquela cama amordaçada!
gotejando luz pelos pulsos
como era linda em sua dor!
como era linda quando chorava!
por que abandonou-me?
Pergunto-me diversas vezes
caminhando por essas trilhas...
De meus olhos caem orvalho,
Adão parece querer esgarçar-me o tórax
tal é a angústia;
O que faço Shaddai?
sei que nada faz,porque você
elohim meth.
Elohim meth em minha vida,
elohim meth em meus caminhos,e
elohim meth em minha intenções,
quaisquer sejam estas.
Mas...para onde?
Você continua sussurrando,
você continua doce,
você continua forte,
mesmo aí,presa a mim
por essa cama medíocre!
...A luz que escorre de seus pulsos...é azul...
O orvalho que escorre de suas pétalas...É doce...
Como você é linda!
As palavras sussurradas...São os lamentos dos anjos
que desejam a morte e a dor
para que suas asas tenham sentido.
Sob este céu pálido
carregado de negro e púrpura,
e mais mil nuvens!
Deus está morto,
mas sua voz era tão forte,
que ainda se faz ecoar
por todas as nuvens,
todos os cantos,
todas as faces,
todos ouvidos,
todas as crenças!
enquanto que de seus lábios,
nobre donzela
deitada no berço da agonia,
as palavras começam a delinear sentido,
Você me fala por códigos
igual à uma esfinge;
far-me-á Fênix
nessa noite trevosa?
Corpo nu,pele alva
olhos grandes,nariz afilado,
Oh!Como sou fraco!...
O coração dilacerado por mil pensamentos
me conduzem até o local
onde juntos abraçamos o crepúsculo,
nos beijamos na neve,
e despidos ficamos
na chuva...
Deus grita trovão/sangrando-mel
D'onde tiraram a luz?
Afiada foice-rubra
Céu intempestuoso
morada oferece à todos os deuses;
E meu templo?Onde estais?
Aqui feito sopro me desmancho
carregado feito-verde
origem-ocaso
Terra-ninguém,
ser-não-ser;
pútrido torno-me terra,
devorado por mil fagulhas,
que zombam d' mim
feito crianças altivas
...Você...Existência...
Para onde me levou?
O que faço aqui
segurando sua frágil mão
perdido em dédalos?
Sangre axiomas
para que o próximo entardecer
tenha sentido,
mas não diga 'au revoir'
...enquanto bebo d' seu vinho"
Em memória de Rose-Mary Tavares de Jesus,que nesse mês denso,completará meia-década de ausência,no dia citado no começo.
Lucas de Jesus Santana
Nenhum comentário:
Postar um comentário